12 de abr. de 2009

tirando a carteira - parte 3: a motoqueira selvagem

Você pode acompanhar a parte 1 - aqui e a parte 2 - aqui. :D


Certo dia, acordei com um pensamento fixo: "Jesus, hoje eu vou andar de moto". Sim, naquela manhã começariam minhas aulas práticas de moto. Vou ter que confessar pra vocês que eu nunca, nunca tinha pilotado uma moto na vida. E andado como carona, uma vez só. (Se é que podemos contar isso como uma vez: meu amigo Mitchel me levando da livraria até em casa um dia de noite, o que dá uns 3 minutos e meio de viagem, à 30Km/h, comigo agarrada atrás berrando: "MEUDEUSNÓSVAMOSMORRER!". É, eu fiz isso mesmo, mas não morri, como vocês podem perceber.) (Na verdade, nenhum dos meus amigos me apoiou na decisão de tirar habilitação de moto também. Diziam que eu era magricela demais, que eu ia cair, que ia morrer, essas coisas que amigos dizem. Mas eu coloquei na cabeça que queria moto também e foi o que fiz. Se der a louca faço de caminhão também, oras, e troco meu nome pra Sula, haha.)
Voltando à história... Acordei com o pensamento fixo. Tomei café com o pensamento. E fui para a auto-escola ainda com esse pensamento. (Tá, parei). Sim, eu marquei as aulas para as 7 horas da manhã, porque, sabe como é, eu sou uma pessoa que precisa trabalhar!
Cheguei lá e lá estavam elas: as motos! ME-DO! Logo queria inventar uma desculpa. "Ah, me enganei, eu nem quero fazer aulas de moto". Mas não havia mais o que fazer, eu já tinha pago as aulas e assinado a folha. No choices. Meu instrutor, Ademir, se apresentou e perguntou se eu já havia andado de moto. Vendo minha cara de apavorada ele pode deduzir que não. Fomos para a rua, ele levando a moto. Ele me mostrou a moto, blablabla. E logo, haháaaaa, eu estava andando de moto! Por favor, imaginem a cena: eu, de uniforme da livraria, óculos e capacete cor-de-rosa (sim, eu escolhi o rosa), tentando controlar um troço que deve ter, no mínimo, 3 vezes o meu peso, por uma pistinha repleta de atividadas: cones, rampas, curvas... É, foi engraçado.
A cada dia eu fui aprendendo a fazer uma coisa. Um dia eu aprendi a ligar as luzes do pisca, no outro eu troquei as marchas... Mas aprendi tudo muito rápido, e lá pelas tantas eu fazia 20 minutos de aula, descia da moto e ia tomar chimarrão com os instrutores. Sim, fui fazer uma social, hahaha.
Na questão "Momentos memoráveis das aulas de moto" eu poderia citar uma infinidade de coisas. A menina que fazia aulas comigo, que apertava a buzina ao invéz de ligar o pisca, que me proporcionou vários minutos de diversão. Eu poderia falar também sobre o cara que não conseguia passar de jeito nenhum pela rampa, nem com o instrutor sentado junto com ele na moto. Ou da menina que não conseguia andar na pista e ficava indo para as gramas até o dia em que ela caiu. Ela caiu, mas nem rir dela eu posso, porque eu caí de moto também.
Estava eu, tranquilona, indo para o fim do percurso. Eu freei a moto, mas ela continuou andando, bem devagarinho. Daí coloquei os pés no chão e, sei lá, me perdi toda, apertei a embreagem mas virei o acelerador. A moto não andou, mas fez um barulhão dos diabos e eu me apavorei e caí. A moto caiu encima de mim. Fiquei deitada em posição fetal, com a moto por cima, até o instrutor vir correndo me salvar. Levantei e olhei os danos: ué, mas eu tava inteira! Coloquei a barra da calça para cima e lá estava um joelho esfolado, sangrando. Fui sentar num banco, meu instrutor me trouxe gelos e um outro me alcançou um chimarrão. Depois de um tempo, resolvi que já estava bem e fiz a aula até no fim. Depois liguei para minha mãe, que mostrou ser uma mãe realmente preocupada...
eu: - mãe, eu caí de moto!
mãe: - mas meu Deus, Nicole, tu rasgou teu uniforme?
eu, indignada: - não, mãe, mas eu me machuquei, né? ¬¬
É, na verdade, preocupada com o meu uniforme, mas preocupada de alguma maneira.
As outras aulas passaram de maneira bem tranquila.
E chegou o dia da prova. Consistia em dar 3 voltas na pista, duas delas passando pela tão temida rampa, e a outra só trocando as marchas. Na metade da segunda volta, me veio na cabeça, do nada: "Putz, rodei!". Mesmo assim, continuei fazendo a prova. O percurso já era tão natural pra mim, que fiz ele automaticamente. "Mas, se eu rodei, eles não iam pedir para eu parar? Mas será que eu fiz mesmo alguma coisa errada?" continuei pensando. Terminei a prova e já não sabia de mais nada. Desci da moto e andei até o examinador. "Parabéns, Nicole, tu passaste!". Daí eu fiquei nervosa e comecei a suar. Não conseguia mais tirar a porcaria do capacete. Pedi ajuda ao meu instrutor, que tirou para mim o capacete. "Tu vai conseguir ir até lá?" me perguntou o Ademir, apontando pra fora da pista. "Vou" eu disse, com a voz enrolada. Saí cambaleando, tropecei e quase caí.
Saí pelo portão e um círculo de gente se formou ao meu redor. "E aí, passou?". Fiz silêncio (adoro um suspense) e disse baixinho "Eu... PASSEEEEEEII!". Daí comecei a dançar, pular, gritar, aquela coisa toda.
Sim, eu tinha conseguido. Não foi fácil, não foi barato, mas eu consegui fazer tudo, e passar em todas as provas de primeira. Me sentindo uma vitoriosa, fui pra casa. Na semana seguinte, fui no CFC e busquei minha habilitação. Provisória, mas era minha.
Essa história poderia terminar por aqui, comigo segurando a habilitação, uma lágrima escorrendo no rosto, 'We are the champions' tocando ao fundo e as cortinas baixando. Seria bonito, mas daí você não teria a oportunidade de acompanhar a quarta e última parte dessa imensa e incrível saga. Portanto, aguarde. I'll be back. :D

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