6 de jan. de 2015

Réveillon em Buenos Aires

Entre casas a dezenas de quarteirões do mar e acampamentos debaixo de chuva, nos últimos anos eu tenho comemorado o réveillon na praia, seja no Rio Grande do Sul ou em Santa Catarina. Sempre vou com grupos grandes de amigos e aproveitamos alguns dias de sol, bebedeiras, jogos de carta, curtição, bebedeiras, churrasquinhos, músicas grudentas e bebedeiras. No entanto, em 2014 o final do ano começou a chegar e parecia que as coisas não iam se acertar: vários amigos não iriam ter férias, outros estavam de viagem marcada com os pais e outros, ainda, resolveram que seria uma ótima ideia alugar uma Kombi e ir conferir a virada em Copacabana. Eis que nos últimos minutos do segundo tempo surgiu uma oportunidade incrível, eu pulei de cabeça e as coisas acabaram dando mais do que certo: aproveitei os últimos dias do ano em Buenos Aires, e aqui nesse post eu vou dar as dicas pra quem pretende fazer isso alguma vez na vida (eu recomendo!).

Primeiro: como ir pra Buenos? Por se tratar de um país relativamente perto, vale tudo. Eu, por exemplo, fui em uma excursão com mais umas 30 pessoas, e fomos de ônibus. Como moro no Rio Grande do Sul, a viagem - entre paradas para xixi, refeições e aduana - levou 24 horas. Pode parecer cansativo (e até de fato ser um pouco cansativo), mas ônibus de turismo são confortáveis e acabam sendo uma ótima maneira de você aproveitar o percurso para já ir conhecendo gente nova, fazendo amigos, cantando músicas bregas, conferindo paisagens diferentes, etc. De avião é beeem mais rápido, obviamente. É possível comprar as passagens por você mesmo, aproveitando promoções, ou até contatar uma empresa para levar o pacote completo, assim como eu fiz (viajei com a Voando as Tranças, empresa nova e linda da Adri e da Pri).

Nos próximos posts eu vou falar sobre viajar de ônibus, o verão de Buenos Aires, dicas de onde ficar e que passeios baratex fazer, certo? Foco no Ano Novo, por ora.

Se você pretende viajar a Buenos Aires esperando fogos maravilhosos como os do Rio de Janeiro, não precisa sair do Brasil, viu? Depois da meia noite até há uma corzinha no céu, e é claro que emociona – você está fora do país, preparado para receber um ano novinho em folha, etc -, mas não é nada de muito espetacular. Estrelinhas, cascatas douradas e nada muito além disso. Pra mim já estava ótimo, já que eu choro em réveillon até se não tiver nada. A função acontece em Puerto Madero, que por si só já é um lugar LINDO.

É importante eu mencionar que você precisa ter um prévio planejamento sobre a noite de réveillon. Os lugares (de lojas ao McDonalds) começam a fechar por volta das 17h, e se você não comprou nada corre o risco de ficar sem comida/bebida. Eu, por exemplo, passei a tarde no Malba e, ao voltar pro hostel, só achei um quiosco aberto. Ou seja, minha ceia consistiu em: um sanduíche de jamon y queso, um alfajor e uma garrafinha de h20h (minha amiga jantou um pacote de Cheetos e uma Coca-cola). Vários restaurantes oferecem programações especiais para o dia 31, com janta, bebidas e festa depois da meia noite. Também rolam diversas baladas, que começam por volta da 1 da manhã. Vai do seu bolso e do seu gosto. Vou contar como foi a minha festa.



Depois da ~ceia~, dei uma telefonada para papis & mamis e depois me reuni com o pessoal da excursão – e mais uma galera brasileira – lá na frente do hostel. Os meninos haviam levado instrumentos, então rolou samba, pagode e muita diversão por ali mesmo, enquanto todo mundo tomava vodca com Gatorade e tragos afins (acho que a ideia era se enlouquecer). Quando deu 23 horas, começamos a cantar ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO NOVO e estourar os primeiros espumantes, já que já era 2015 no Brasil - em função do horário de verão, Buenos Aires fica uma hora atrasada. Como nosso hostel ficava na esquina da Corrientes com a Florida, perto de TUDO, fomos andando até Puerto Madero.

Aqui vale um parênteses:

(Se a sua hospedagem não for bem localizada, provavelmente você precisará pegar um táxi. Tome cuidado! Os taxistas podem querem cobrar um valor fechado, muito acima daquele que marcaria o taxímetro. Algumas pessoas me contaram que um taxista quis cobrar MIL PESOS por uma corrida que normalmente daria 80. Fora que não é fácil encontrar taxis pela rua na madrugada do dia 31. Por isso, prefira ir andando (se estiver com mais pessoas) ou combine previamente com algum taxista – vale perguntar no hotel/hostel se há alguma indicação de pessoa de confiança.)

Logo começaram os fogos e como a galera já estava um pouco alta, foi pura emoção. Gente chorando (e não era só eu), muitos abraços, desejos de felicidades, amor, sucesso, ousadia e alegria, gente caindo, gente querendo pular a ponte, gente fazendo simpatias, amores e amizades. Ficamos próximos de um desses restaurantes que tinham uma dessas festas fechadas, então dançamos, cantamos e piramos ao som das músicas que tocavam por lá mesmo. 

Notei que haviam muitos, muitos, muitos brasileiros por lá, e que eram esses que usavam branco, conforme a tradição. Os portenhos não ligam muito para isso – e inclusive aproveitam para fugir de Buenos nessa época. Tolinhos.

Depois disso a minha memória começa a falhar um pouco, talvez por causa de toda a emoção da noite (outro nome para bebedeira loka), mas lembro que eu fiquei celebrando que só havia gasto 27 pesos (o valor da minha garrafa de espumante) no melhor réveillon da vida, enquanto as pessoas da tal da festa fechada deveriam ter desembolsado pelo menos 500 vezes mais que isso. Antes de começar a perder a dignidade, voltamos para o hostel e comemos dulce de leche, bem felizes. Não fui para nenhuma balada, já que eu não tinha grana para nada, mas posso dizer que foi uma das viradas de ano mais incríveis que já vivi em todos esses meus 25 anos.  

O ensinamento que tive: sua festa não precisa contar com uma mega produção. Desde que você esteja acompanhado por pessoas do bem, dispostas a aproveitar a vida do jeito que ela deve ser aproveitada, a festa está feita! Sem balada, sem jantares elaborados, sem dinheiro gasto a toa. O que rolou foi felicidade pura, daquelas que ouro nenhum paga. Tenha disposição, coloque um sapato confortável e aproveite a vida!

Resumão:
- os fogos de artifício rolam em Puerto Madero;
- as lojas começam a fechar por volta das 17h;
- táxis na noite do dia 31 são uma cilada;
- você pode até ir para algum lugar badalado, mas a melhor festa é você que faz.


Um beijo e até os próximos posts! 

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