Se num desses sábados aí eu fui para Porto Alegre aprender a fazer pão, num domingo eu fui pra capital dos gaúchos aprender a fazer... nada! Vem cá... você já ouviu falar em nadismo?
Esse vídeo aqui vai explicar:
Quem deu o curso foi o Marcelo Bohrer, o próprio fundador
desse movimento. Primeiro ele falou sobre como as pessoas hoje em dia estão
aceleradas, que querem fazer mais coisas num espaço menor de tempo, que se tem
tempo livre ficam nervosas, se fazem algo que não é produtivo se sentem
culpadas, etc etc. Nem preciso dizer que me identifiquei com cada um dos casos
que ele citou. A senhorita Duracel aqui, se pudesse, tiraria fora da rotina
essa coisa de “dormir” - ficar deitado tanto tempo ao invés de estar
produzindo, que desperdício!
Escutar que viver
contra o tempo pode me trazer um milhão de problemas foi como um tapa na cara.
E olha que eu já sabia de tudo isso.
Então, de repente, o Marcelo disse: bora praticar?
E então fomos para um parque, deitamos em colchonetes e
tivemos a missão de ficar 40 minutos deitados, fazendo NADA. Sem dormir, sem
ficar lendo, sem jogar Angry Birds. Parece fácil pra você? Pra mim foi uma das
coisas mais complicadas dos últimos tempos.
Deitei ali, mas minha cabeça trabalhava mais do que nunca. Fiquei
planejando como ia embora dali, se ia passar no shopping e comer alguma coisa.
Pensei na fome que eu estava e em todas as opções de coisas que eu poderia
comer. Pensei na semana longa que estava vindo, e comecei a montar uma agenda
das atividades da faculdade na minha cabeça. Pensei no TCC. E, num momento de
desespero, saquei o celular para verificar quanto tempo já havia passado. Fui
repreendida pelo meu namorado, que estava deitado no colchonete ao lado do
meu.
A cabeça começou a me metralhar de coisas de novo. E comecei
a ficar incomodada com o colchonete, com minha roupa, com as formigas, com a
grama que encostava em mim. Não permaneci numa mesma posição por mais de, sei
lá, 3 minutos.
Então, quando eu já pensava que não ia conseguir ficar mais
um minuto sequer deitada, percebi que o tempo tinha passado. Sim, senhoras e
senhores. 10 minutos de nadismo que demoraram, pra mim, uma tarde inteira pra
passar. Então conversamos sobre como havia sido a experiência e tchanãaaan:
descobri que o nadismo que eu havia feito estava errado.
Sério. Fiz NADA da forma errada. Dá pra acreditar?
E, de mais a mais, desde aquele dia eu posso contar nos
dedos da mão as vezes que parei para praticar o nadismo: ZERO. Mas sei lá, a
ideia me parece bonita – na teoria. O que vocês acham?
Imagina se fosse dentro do cubo branco?? Poderia ser ainda pior..rsrs
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