Ela se sentia invisível – e, ao mesmo tempo, carregando nas
costas todas as dores, os infortúnios e as responsabilidades que haviam ao seu redor. Por muito
tempo, seguiu assim, bravamente - sem tirar aquele sorriso idiota do rosto. Mas chega uma hora em que as coisas cansam –
e, acredite, essa hora chega mesmo. A última gota cai e faz com que tudo
transborde.
O mundo não é mais aquela coisa mágica e cheia de
descobertas em cada curva que ela antes enxergava. É cinza, é feio, é frio, é
doente – e ninguém liga. O grito não saia da garganta, e as lágrimas desciam,
salgadas, pelo seu rosto.
Como lidar? Fugir? Mas pra onde? E alguém se importaria? Uma
dose letal de pílulas coloridas, uma travessia propositalmente acidental, uma
corda amarrada na garganta. Eram atitudes covardes, ela sabia, mas a simples
presença daqueles pensamentos trazia um doce alívio.
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