Estávamos voltando do trabalho, lépidas e faceiras. Se não
estivesse passando Voz do Brasil, é provável que teríamos achado Lady Gaga em
alguma estação e estaríamos cantando I’m a free bitch baby. Mas o rádio estava
desligado e nós estávamos conversando. Então o carro deu um pulo estilo touro
mecânico, nós três gritamos, alguns carros buzinaram e tudo passou bem rápido. Havíamos
atropelado uma pedra gigante, ou passado dentro de um buraco igualmente
gigante. O susto foi grande.
Então a D. quebrou o silêncio tenso que se seguiu, dizendo:
- Acho que o pneu furou.
Eu e M. ficamos tipo:
- Naaaah, não deve ter furado. Ou deve? Será que furou?
Hmmm, naaah, capaz. Ou sim?
Ficamos nesse vai e vem por alguns metros, até que
estacionamos, olhamos o pneu e se você pensou que ele estava furado, acertou. Até
porque o título desse post já entrega a situação.
A questão é que nenhuma das três sabia trocar pneu. Eu até
estava considerando arruinar minhas unhas cuidadosamente pintadas com verde
militar para colocar a mão na massa, mas a D. foi atrás de ajuda. Foi até um
posto de gasolina próximo e ouviu um “não trocamos pneu aqui não, tu vai ter
que ir até o próximo posto”. Que, sei lá, devia ficar a uns 2272288282 metros
de distância. Então um cara pulou de um caminhão e disse “eu troco pra vocês”. Achei
incrível.
Apontei o pneu e disse pras ele:
- Olá, aqui está o problema.
E ele:
- Ahhh, o poblema.
Não estou julgando ele por causa da profissão nem nada. Várias
pessoas têm muito estudo e ainda assim cometem umas gafes. Gente bem estudada
troca “mim” por “eu”, então não vou polemizar muito sobre isso, ok?
Daí, sem tirar o cigarro que estava fumando da boca, o
gentil caminhoneiro pegou o macaco no porta-malas, ergueu o carro, tirou o pneu
furado, colocou o estepe e guardou tudo bonitinho nos lugares certos. Não sei
se fiquei mais impressionada com a destreza dele nesse trabalho manual ou com o
fato de ele ficar contando um monte de histórias sem deixar o maldito cigarro
cair.
Eu adoraria contar que no final das contas pagamos uma
rodada de cerveja para o gentil caminhoneiro e vimos fotos dos filhos dele que
estavam na carteira, mas nada disso aconteceu. Na real, perguntamos quanto ele
cobrava pelo serviço, ele disse para deixar assim, embarcamos no carro e fomos
embora. Sem saber nome, idade, onde mora, nada.
Só que esse lance todo não deixa de deixar várias lições,
pelo menos para mim.
- pessoas boas ainda existem nesse mundo, nos lugares que a
gente menos imagina
- o dia em que suas unhas estão mais bonitas é propício para
algo estranho – que envolva destruí-las - acontecer
- porra, eu preciso saber como se troca um pneu.
Vocês sabem?
HAHAH, só imagino a situação das três. Deus me liivre!
ResponderExcluirMas pensando sobre tudo isso, nem carteira de motorista eu tenho, o que dirá saber trocar um pneu :S
Definitivamente eu preciso do sexo masculino para algumas coisas. Deixei claro ALGUMAS COISAS?
Ooo Nicole, tem como você escrever o próximo post sobre o Rio Grande do Sul? Sei lá, mandar aquele alô pras gurias do mesmo estado que o teu, falar sobre as cidades (principalmente do interior) que tu conhece, sei lá, tu é uma menina bem criativa, vai lá :D
Beijo linda. Paz e bem.